Caminhar sozinha.. em estradas íngremes e sinuosas..
Num deserto povoado..
Ter sede com águas límpidas que se enxerga ao longe..
Onde, por vezes, precisa-se de mãos entrelaçadas, apertando a nossa, 
na cumplicidade da existência,  do momento..
Do olhar, amigo, sereno, silencioso a dizer:
estou aqui com você!
Essas são as fases da vida.. e, fico pensando, 
que ainda têm pessoas que se acham únicas e  poderosas, 
que chegam a afirmar que não precisam de ninguém...
Eu preciso!
Muitos precisam!
Quando a vida vem, num repente,
e extirpa um pedaço da gente..
Como vento forte que desfolha a árvore...
Como chuva forte que, também de súbito,
invade um dia claro..
Como jardim florido, com habitantes sensíveis,
que é alvo de granizo..
Que será visto no outro dia pelo jardineiro,
que na cumplicidade do amor, o refará..
abraçará, dará o carinho em reciprocidade
 do momento das flores..
E ele voltará a ser visto e admirado..
Olhar para um jardim viçoso é bálsamo para os olhos,
é ser feliz junto com a alegria dele..
Cuidar dele quando algo o atinge, só para o jardineiro que o ama,
que faz parte dele, que se fez nele,
que colocou nele o melhor de sua essência, que fundiu 
sua habilidade e sentimento à sua beleza..
Ele chorará com as flores, cuidará delas, segurando as mãos invisíveis, 
abraçando-as em silêncio, olhando-as com o mesmo amor, silenciosamente,
traduzindo a segurança do renascer..
Mas, há de haver outros bálsamos..
Lá fora, o mar é azul e belo..
Outras flores nascerão como presentes...
O céu transforma-se em sol..
Em brilho...
Em plenitude..
Vitória se tem..
O jardim foi recuperado,
e nós, bravamente,mesmo sozinhos,
conseguimos caminhar na estrada..
Vencer os obstáculos..
Continuar a vida..
E sermos mais fortes a cada dia..
Construindo e reconstruindo cada pedaço de vida..
Olhando-nos no espelho de nós mesmos 
e refletindo a nossa existência...
De essência e fibra,
refletindo a força das águas, a serenidade
e sensibilidade das flores.